segunda-feira, agosto 28, 2006

Casa nova

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Legal, agora o canto é definitivo. Sejam bem vindos Ao Blog Branco!

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segunda-feira, agosto 07, 2006

Avanços tecnológicos e hábitos analógicos

Antes de começar, gostaria de deixar claro que ao pensar num título pra esse post, me passou pela cabeça esse. Achei tão escroto que resolvi deixar. ;)

Com o avanço da tecnologia e a praticidade das coisas sempre em primeira importância, alguns hábitos outrora cotidianos se tornaram para mim preciosidades, deleites esporádicos aos quais me dou a luxo (ou me dão) de vez em quando. Seguem três que me vieram a cabeça agora, se lembrar mais faço outro post.

Mandar e receber cartas - Sim, cartas, de papel, manuscritas, com fotos, recortes, desenhos, fechadas com cola, seladas e entregues pelo correio. No meio das quase centenas de emails que recebo diariamente, receber uma carta é um prazer, um grande prazer. Aliás isso não deve ser novidade, já ate publiquei aqui falando sobre isso, sem contar que pela quantidade de propaganda que recebo pelo correio, meu banco e o meu cartão de crédito ja descobriram isso a muuuuito tempo.

Fazer a barba no barbeiro - Normalmente, eu uso um aparelho gilete sensor mach3 ultra plus confort com 14 laminas de adamantium giratórias fantasiadas de fredy krueger que nao so cortam mais rente como fazem os pelos se encolherem de medo e as glândulas demorarem de 3 a 5 dias para se recuperarem do choque e voltarem a produzir pelos novamente. No entanto, ir num barbeiro de confianca, sentar na cadeira, conversar potoca, toalhinha quente, escovinha com espuma, barba feita na lâmina... Se um dia eu ganhar na loteria, juro que vou fazer isso todo dia, é uma terapia (sem contar que a barba fica bem melhor).

Escutar vinil - Cd é lindo, foi a melhor invenção da humanidade depois do ar-condicionado. Mas pegar aquele bolachão da Billie Holiday e colocar no bom e velho Technics pra dar um relaxada é insuperável, não tem cd player no mundo que resolva. Sem contar que poder escutar O Stormbringer do Deep Purple como ele foi feito, sem a interferencia de taxas de amostragem, bits, bytes, masterizações e re-masterizações é outra coisa. E antes que eu me esqueça, os estralinhos só dão o charme na coisa ;)

Nao estou sendo saudosista, estaria sendo saudosista se dissesse que tenho saudade de lata de refrigerante de aço, que a gente arrancava a argolinha de abrir e ficava brincando de disco voador atirando com o pedacinho da tampa. Sem contar que era frustrante ver nos filmes o povo amassanhdo uma latinha de coca cola como se fosse papel enquanto eu não conseguia amassar a minha nem com os pés direito. Até descobrir que a lata dos filmes já era de alumínio e a minha era de aço foi um período de imensa frustração. Isso realmente nao volta mais. Mas as coisas acima, sao apenas pequenos prazeres esquecidos pela maioria que eu fiz questão de nao abrir mão.

Musica pra tocar em elevador

Stan Getz? O cara que veio pro Brasil por causa do Charlie Bird? Um guitarrista de Jazz financiado pelo governo americano com o intuito de espalhar o jazz americano pelo mundo como "potente simbolo de democracia"? Assim como Louis Armstrong, Duke Ellington e tantos outros?

Alias o que casa com o que o maestro da filarmonica de Sofia dizia apos a queda da cortina de ferro que no inicio dos anos 60 ele era proibido pelos comunistas de tocar Bossa Nova por ser um estilo levado aos EUA pelo governo americano como forma de se contrapor ao crescente jazz cubano no pais?

O interessante da historia mundial no pos-guerra é que o dedo do governo americano era bem menos sutil. E tem gente que acha que a bossa nova "dominou o mundo" porque o babaca elitista do Joao Gilberto era foda...

Nada de links, deixem a preguiça de lado e pesquisem.

Sim to revoltado...

quarta-feira, agosto 02, 2006

Amigos

Ontem eu recebi uma carta de uma grande amiga. Não foi email, nao foi sms, foi uma boa e velha carta, pelo correio, selada, com destinatário e remetente escritos à mão. Dentro, o convite de aniversario de 4 anos da filhinha dela e uma dedicatória manuscrita. Nos práticos tempos de internet, ela nao só lembrou de mim, como se deu ao trabalho de escrever de próprio punho e ir no correio postar. Esse tipo de coisa, que não acontece mais hoje em dia, pra mim fez toda a diferença. Brigado Carmencita!

Sao 5 horas da manha, agora a pouco me deparei com um grande amigo no msn, conversa vai, conversa vem, o cara pegou o telefone e me ligou de sopetão. Só então percebi que já fazem anos que a gente não se vê (ele mora do outro lado do oceano) e que eu gosto desse cara pra caralho. Saudades tuas Carlinhos fdp! Em breve apareco por estas tuas bandas...

Estou me sentindo em divida com os meus amigos, vários deles, os que importam. Segue abaixo, na íntegra, uma crônica de Vinicius de Morais que ja foi mutilada e apropriada indevidamente de todas as formas possiveis. Vem bem a calhar neste momento.

Amigos
Vinicius de Moraes (1913-1980)

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.